12 de Maio de 2024 - 18:28 Vila São Sebastião, Portugal

19 de Janeiro de 2022 - 19:00 - Vila São Sebastião, Portugal

JUNTA DE FREGUESIA

Vila São Sebastião

OS REDUTOS DA RIBEIRA SECA

Coordenadas38º 40 18″ N 027º 04 24″ W e Coordenadas38º 40 15″ N 027º 04 32″ W

O 1ºe 2º Reduto da Ribeira Seca localiza-se na Ribeira Seca, freguesia da Vila de São Sebastião. Esta fortificação destinava-se a defender o embarcadouro contra os ataques de piratas e corsários.

História:

O Porto Novo era o principal porto da freguesia situado na foz da Ribeira Seca, por oposição ao Porto Velho, este na Casa das Mós, na ponta de Santa Catarina. No Porto Novo, ou porto Gaspar Gonçalves como também é conhecido, era embarcado o pastel, o trigo, a cevada e o centeio, e ainda a telha para a cidade de Angra, e para as restantes ilhas dos Açores. Constituía-se no terceiro porto comercial da ilha.

Em 1571, foi determinada, pela Câmara Municipal, a construção de dois redutos destinados a defender o Porto Novo. Para reforçar a defesa do porto construíram-se ainda dois fortes nas pontas contíguas á enseada: o Forte de São Sebastião (1574) e o Forte de São Francisco (1581). Neste local ficava o termo dos concelhos de São Sebastião e da Praia, pelo que terá existido aí um portão, para efeitos administrativos. A seu respeito, no contexto da crise de sucessão de 1580, ao referir as defesas implementadas pelo então corregedor dos Açores, Ciprião de Figueiredo e Vasconcelos,1DRUMMOND registou: “(…) e para o centro do dito porto [Porto Novo], se assentaram dois redutos bem artilhados de forma que havendo-se-lhe feito uma grossa muralha, que compreendia toda esta cortina, um portão e um excelente arco, por baixo do qual atravessa a Ribeira Seca, se reputava este porto assaz defensável e tanto assim que nem no menos consta que o inimigo tentasse por ele entrar (…)“.

Dois séculos mais tarde Manoel de Matos P. de Carvalho, na “Notícia da fortificação da Ilha Terceira” (1766), registou:

20 – A fortaleza da Ribeira Seca, com duas peças.

(…) todas estas fortalezas se acham presentemente reparadas, por ocasião da guerra.

 Com a instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767:

14º – Primeiro reducto da Ribeira secca. Tem duas canhoneiras e huma peça de ferro boa com o seu reparo capaz: carece de mais huma peça como seu reparo, e para se guarnecer precisa dois artilheiros e oito auxiliares.

Encontra-se referido como “13. Reducto da mesma B.ª da Rib.ª Seca” no relatório “Revista aos fortes que defendem a costa da ilha Terceira”, do Ajudante de Ordens Manoel Correa Branco (1776), que apenas assinala: “Tambem este Forte foi redificado, e toda a cortina, e só lhe faltáo as duas meyas portas da caza.

No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834) voltou a revestir-se de importância estratégica, constando o seu alçado e planta na “Colecção de Plantas e Alçados de 32 Fortalezas dos Açores, por Joze Rodrigo dAlmeida em 1830“, atualmente no Gabinete de Estudos de Arquitetura e Engenharia Militar, em Lisboa.

Atualmente não resta nada dos redutos e do portão. Do tipo abaluartado, erguida no lado este da enseada, onde desagua a Ribeira Seca, apresentava planta poligonal irregular, em cuja muralha se rasgavam quatro canhoneiras pelos lados do mar. Dispunha de edificação com a função de paiol.

O 2º Reduto constituía-se em uma pequena bateriaabaluartada, de planta trapezoidal irregular, em cuja muralha se rasgavam duas canhoneiras, erguida no lado oeste da enseada, onde desagua a Ribeira Seca.

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FORTE DA GRETA

Coordenadas38º 38 37″ N 027º 04 38″ W

O Forte da Greta localiza-se na ponta de Santa Catarina, a oeste da baía das Mós, na freguesia da Vila de São Sebastião. A fortificação destinava-se a defender o embarcadouro contra os ataques de piratas e corsários. Cruzava fogos com o Forte de Santa Catarina das Mós e com um pequeno baluarte que existiu na ponta sul da baía, que mais tarde foi substituído pelo Forte do Bom Jesus.

História:

Foi uma das fortificações erguidas na Terceiras no contexto da crise de sucessão de 1580 pelo corregedor dos Açores, Ciprião de Figueiredo e Vasconcelos, conforme o plano de defesa da ilha elaborado por Tommaso Benedetto em 1567, após o ataque de um Corsário francês ao Funchal, em outubro de 1566, intentado e repelido em Angra no mesmo ano (1566):

Não havia naquele tempo [Crise de sucessão de 1580] em toda a costa da ilha Terceira alguma fortaleza, excepto aquela de S. Sebastião, posto que em todas as cortinas do sul se tivessem feito alguns redutos e estâncias, nos lugares mais susceptíveis de desembarque inimigo, conforme a indicação e plano do engenheiro Tomás Benedito, que nesta diligência andou desde o ano de 1567, depois que, no antecedente de 1566, os franceses, comandados pelo terrível pirata Caldeira, barbaramente haviam saqueado a ilha da Madeira, e intentado fazer o mesmo nesta ilha, donde parece que foram repelidos à força das nossas armas.

A seu respeito, DRUMMOND registou: “Dentro da baía, ou casa, das Mós, que é a mais profunda da ilha, e onde estão os ilhéus da Mina, bem conhecidos nas cartas marítimas, edificou-se o forte da Greta; e o de Santa Catarina, aos quais pela sua posição e construção bem podíamos chamar castelos; e se lhe fez uma forte muralha com que se fechou aquela cortina, como ainda hoje atestam os fortes vestígios ali existentes; e entre os ilhéus fez-se um baluarte, no lugar em que pelos anos em diante a Câmara de Angra mandou construir a fortaleza do Bom Jesus.

Apesar de ter tido sucesso em conter o desembarque das forças de D. Pedro de Valdés em 1581, após a Batalha da Salga( 25 de julho de 1583), não conseguiu impedir o desembarque da baía das Mós dada a grande força ali desembarcada nos dias 26 e 27 e julho de 1583 pela Armada Espanhola sob o comando de D. Álvaro de Bazán. Esta força colocou fim á resistência militar da Terceira ao domínio de Filipe II de Espanha.

No contexto da Guerra de Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como “O Reduto da Greta” na relação “Fortificações nos Açores existentes em 1710”.

Com a instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767:

9° – Forte da Greta. Está reformado de novo, tem seis canhoneiras, e quatro peças de ferro capazes com os seus reparos bons, precisa mais duas com os seus reparos e para se guarnecer precisa seis artilheiros e vinte e quatro auxiliares.

Encontra-se referido como “8. Forte da Grutta o pr.º da Bahia chamado o das mós” no relatório “Revista aos fortes que defendem a costa da ilha Terceira”, do Ajudante de Ordens Manoel Correa Branco (1776), que apenas assinala: “Tambem se acha redificado de novo, náo careçe de obra algua.

No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834) voltou a revestir-se de importância estratégica, constando o seu alçado e planta na “Coleção de Plantas e Alçados de 32 Fortalezas soa Açores, por Jose Rodrigo d’Almeida em 1830”.

A “Relação” do marechal de Barão de Bastos em 1862 localiza-o na freguesia de Porto Judeu e informa que se incapaz desde muitos anos.

Quando do levantamento dos Tombos, em 1881, encontrava-se “(…) arruinadissimo por se achar abandonado e até quasi ignorado ha muitos annos. As muralhas estão-se derrocando (…)“.

Atualmente encontra-se severamente arruinado. Subsiste um resto da muralha que se estende ao longo da costa voltada a sul numa extensão de cerca de 18 metros. São visíveis vestígios de paredes em cantaria no prolongamento desta linha. No solo podem ser observadas camadas de materiais de construção como telha e argamassa. Na vertente sul encontram-se vestígios de uma estrutura quadrangular, onde são identificados dois nichos.

Características:

Fortificação do tipo abaluartado, apresenta planta no formato retangular orgânico (adaptada ao terreno), com muros em cantaria, onde se rasgavam quatro canhoneiras na face voltada à baía, e duas na face voltada a sul10 . O paiol era parcialmente escavado na rocha da encosta da ponta de Santa Catarina que lhe fica por detrás, e que lhe servia de teto. Dispunha ainda de casa de guarnição e de um forno para balas ardentes. Ocupava uma área total de 283 metros quadrados.

A sua defesa era complementada por uma trincheira para fuzilaria, que corria paralela à costa até ligar-se com o Forte de Santa Catarina. Essa trincheira hoje encontra-se praticamente desaparecida devido à queda das barreiras que lhe davam sustentação.

O acesso ao forte era feito por um caminho aberto ao público e improdutivo do ponto de vista da agricultura.

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FORTE DA CASA DA SALGA

Coordenadas38º 38 51″ N 027º 05 46″ W

O Forte da Casa da Salga, mais conhecido como Forte da Salga, localiza-se na Baía da Salga, freguesia da Vila de São Sebastião. Esta fortificação destinava-se a defender o embarcadouro contra os ataques de piratas e corsários. Cruzava fogos com o Forte das Cavalas e o Reduto da Salga.

História:

Foi uma das fortificações construídas na Terceira durante a crise de sucessão de 1580 pelo corregedor dos Açores, Ciprião de Figueiredo e Vasconcelos, conforme o plano de defesa da ilha elaborado por Tommaso Benedetto em 1567, após o ataque de um Corsário francês ao Funchal, em outubro de 1566, intentado e repelido em Angra no mesmo ano (1566):

Não havia naquele tempo [Crise de sucessão de 1580] em toda a costa da ilha Terceira alguma fortaleza, excepto aquela de S. Sebastião, posto que em todas as cortinas do sul se tivessem feito alguns redutos e estâncias, nos lugares mais susceptíveis de desembarque inimigo, conforme a indicação e plano do engenheiro Tomás Benedito, que nesta diligência andou desde o ano de 1567, depois que, no antecedente de 1566, os franceses, comandados pelo terrível pirata Caldeira, barbaramente haviam saqueado a ilha da Madeira, e intentado fazer o mesmo nesta ilha, donde parece que foram repelidos à força das nossas armas.

A seu respeito, DRUMMOND registou: “(…) concluíram-se a boa fortaleza da Salga e o reduto que lhe fica fronteiro e encruza a baía, estendendo-se-lhe um bom lanço de muralha. (…).

Considera-se que este forte possa ter sido iniciado na década de 1570, tendo apenas ficado operacional em 1582, após a Batalha da Salga.

No contexto da Guerra de Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como “A Fortaleza da Caza da Salga” na relação “Fortificações nos Açores existentes em 1710”. Com a instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado do forte foi reportado em 1767 como: “5º – Forte da Salga. Precisa a sua porta ser feita de novo, e as muralhas encascadas e rebuçadas; tem seis peças de ferro boas com os seus reparos capazes. Precisa para se guarnecer seis artilheiros e vinte e quatro auxiliares.”

No relatório “Revista dos fortes e redutos da Ilha Terceira”, de Francisco Xavier Machado (1772), o forte encontra-se referido como “Forte da Casa da Salga”, ilustrado com sete canhoneiras e edificações de serviço.

No relatório “Revista aos fortes que defendem a costa da Ilha Terceira”, do Ajudante de Ordens Manoel Correa Branco (1776), está referido como “4. Forte da Caza da Salga”, que lhe relata o estado: “Achase retificado de novo, e sóm.e a caza do of.al da guarda; preciza rachada, goarnecida, e rebucada; os seus tetos compostos; hua tarimba; hua porta e hua janella.”

Durante a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), foi novamente guarnecido e artilhado. Desse período existe ainda a planta, com o título “Forte da Salga”, de autoria do sargento-mor José Rodrigo de Almeida do Real Corpo de Engenheiros.

A “Relação” do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 informa que “As muralhas e alojamentos carecem de pequenos consertos.

Quando do Tombo de 1881 encontrava-se em condições razoáveis, agora com apenas cinco canhoneiras e dependências de serviço também pelo exterior.

Ao longo dos séculos, o abandono, a erosão marinha e a falta de conservação por parte dos poderes públicos, conduziram à ruína da estrutura.

No contexto das comemorações do 4º Centenário da Batalha da Salga, cogitou-se, em 1980, o restauro do forte, que entretanto não aconteceu. No início da década de 1990, o que restava do forte foi arrasado para ampliação do parque de campismo, não restando nada mais em nossos dias.

Características:

Apresenta planta quadrangular irregular, em cantaria, com muralhas muito aprumadas. Entretanto, por estar construído junto à beira-mar, a rebentação muitas vezes se dava nas muralhas do forte.

As suas muralhas eram rasgadas primitivamente por sete canhoneiras. À época do Tombo de 1881 conservava apenas cinco, nas suas três faces voltadas para o mar.

Na entrada do forte, do lado esquerdo, erguia-se o paiol da pólvora, ao abrigo do terrapleno; do lado direito, erguiam-se duas casas pegadas, utilizadas como casa da guarnição, que tinham comunicação interior.

No exterior do forte existia outra casa, dividida em dois compartimentos independentes, servindo um de cozinha e outro de armazém ou quartel.

A área ocupada pelo forte, casas, rampa de acesso e uma faixa de terreno anexa em frente ao muro de gola era de 512 metros quadrados.

O forte era acedido por uma rampa com vinte metros de comprimento, ao fim de um caminho público e irregular que, margeando o litoral, era destinado a dar servidão aos diferentes pontos da costa sul e este da ilha.

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 FORTE DAS CANINAS

Coordenadas38º 38 34″ N 027º 04 59″ W

O Forte das Caninas situa-se na freguesia da Vila de São Sebastião. A fortificação destinava-se a defender o embarcadouro contra os ataques de piratas e corsários. Cruzava fogos com o Forte das Cavalas, que se distanciava aproximadamente 560 metros a este, na defesa da ponta este da baía da Salga, e de parte da entrada da baía das Mós.

História:

Foi uma das fortificações erguidas na Terceiras no contexto da crise de sucessão de 1580 pelo corregedor dos Açores, Ciprião de Figueiredo e Vasconcelos, conforme o plano de defesa da ilha elaborado por Tommaso Benedetto em 1567, após o ataque de um Corsário francês ao Funchal, em outubro de 1566, intentado e repelido em Angra no mesmo ano (1566):

Não havia naquele tempo [Crise de sucessão de 1580] em toda a costa da ilha Terceira alguma fortaleza, excepto aquela de S. Sebastião, posto que em todas as cortinas do sul se tivessem feito alguns redutos e estâncias, nos lugares mais susceptíveis de desembarque inimigo, conforme a indicação e plano do engenheiro Tomás Benedito, que nesta diligência andou desde o ano de 1567, depois que, no antecedente de 1566, os franceses, comandados pelo terrível pirata Caldeira, barbaramente haviam saqueado a ilha da Madeira, e intentado fazer o mesmo nesta ilha, donde parece que foram repelidos à força das nossas armas.

A seu respeito, DRUMMOND registou: “(…) e um pouco adiante [do Forte das Cavalas] fez-se o forte das Caninhas.

De acordo com a mesma fonte, foi reconstruído em 1653 às expensas da Câmara de Angra, então empenhada na reparação da maior parte da fortificação da costa, danificadas por uma grande ressaca do mar ocorrida naquele ano, quando cerca de 50 navios piratas rondavam os mares dos Açores, o que parece ser confirmado pela sua tipologia e características.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como “O Forte das Caninas.” na relação “Fortificações nos Açores existentes em 1710”.

Com a instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767: “8° – Forte das Caninas. Está retificado de novo, tem cinco canhoneiras e quatro peças com os seus reparos, boa precisa mais huma com o seu reparo e para se guarnecer precisa cinco artilheiros e vinte auxiliares.

Encontra-se referido como “7. Forte das Caninas” no relatório “Revista aos fortes que defendem a costa da ilha Terceira”, do Ajudante de Ordens Manoel Correa Branco (1776), que apenas assinala: “Tambem está redificado de novo, náo perciza de obra algua.

A Relação do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 informa que o forte se encontra incapaz desde há muito tempo.

No levantamento dos Tombos dos Fortes da Ilha Terceira, em 1881, encontrava-se abandonado e em ruínas, sendo utilizado como abrigo de rebanhos de cabras pelos pastores daquela região. Devido á ação da erosão marinha a muralha veio a ruir em quase toda a sua extensão.

No contexto da Segunda Guerra Mundial, foi erguido no local um posto de vigilância militar, tendo sido retirada do que restava das antigas muralhas a pedra necessária á construção de uma pequena edificação para a sua guarnição. Hoje, ainda pode ser avistada uma das paredes dessa edificação, da estrada, á esquerda de quem vai ao Farol das Contendas para a baía das Mós.

Características:

Do tipo abaluartado, apresentava planta poligonal irregular, orgânica (adaptada ao terreno), em aparelho de cantaria, com 330 metros quadrados. Com capacidade para cinco peças de artilharia em canhoneiras, possuía dois torreões para fuzilaria, um a Leste e outro a Oeste. Em seu interior erguia-se o paiolabobadado.

No exterior, pelo lado de terra, à esquerda, erguia-se a casa da guarnição.

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 FORTE DAS CAVALAS

Coordenadas: 38º 38 40″ N 027º 05 35″ W

O Forte das Cavalas situa-se na ponta este da Baía da Salga, freguesia da Vila de São Sebastião. A fortificação destinava-se a defender o embarcadouro contra os ataques de piratas e corsários. Cruzava fogos com o Reduto da Salga, o Forte da Salga e o Forte das Caninas.

História:

Foi uma das fortificações erguidas na Terceiras no contexto da crise de sucessão de 1580 pelo corregedor dos Açores, Ciprião de Figueiredo e Vasconcelos, conforme o plano de defesa da ilha elaborado por Tommaso Benedetto em 1567, após o ataque de um Corsário francês ao Funchal, em outubro de 1566, intentado e repelido em Angra no mesmo ano (1566):

Não havia naquele tempo [Crise de sucessão de 1580] em toda a costa da ilha Terceira alguma fortaleza, excepto aquela de S. Sebastião, posto que em todas as cortinas do sul se tivessem feito alguns redutos e estâncias, nos lugares mais susceptíveis de desembarque inimigo, conforme a indicação e plano do engenheiro Tomás Benedito, que nesta diligência andou desde o ano de 1567, depois que, no antecedente de 1566, os franceses, comandados pelo terrível pirata Caldeira, barbaramente haviam saqueado a ilha da Madeira, e intentado fazer o mesmo nesta ilha, donde parece que foram repelidos à força das nossas armas.

A seu respeito, DRUMMOND registou: “Mais adiante [da baía da Salga] bastante espaço, fundou-se o forte das Cavalas, com muralhada parte do poente para defender o cais natural que ali havia; (…)

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como “O Forte das Cavallas” na relação “Fortificações nos Açores existentes em 1710”.

Com a instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767:

“7º – Forte dos Cavallos. Está retificado de novo, tem seis peças boas, com os seus reparos capazes e precisa mais duas peças com os seus reparos e para se guarnecer oito artilheiros e trinta e dois auxiliares.”

Sobre ele refere Manoel de Mattos P. de Carvalho na “Notícia da fortificação da ilha Terceira”, por volta de 1766“Tem fortificação na Villa da Praia: (…)

13 – A fortaleza das Cavallas, com 3 peças.

(…) todas estas fortalezas se acham presentemente reparadas, por occasião da guerra.

Encontra-se referido como “6. Forte das Cavallas” no relatório “Revista aos fortes que defendem a costa da ilha Terceira”, do Ajudante de Ordens Manoel Correa Branco (1776), que apenas assinala: “Este forte náo careçe de obra algua.”

A “Relação” do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 localiza-o na freguesia do Porto Judeu e informe que se encontra incapaz desde muitos anos. Quando do levantamento dos Tombos dos Fortes da Ilha Terceira (1881), encontrava-se abandonado e em ruínas.

No contexto da Segunda Guerra Mundial, parte da cantaria do antigo forte foi reaproveitada na construção de casas para as guarnições das posições de metralhadoras, postadas nas baias das Salga e das Mós.

Em 1962, o então presidente da Câmara Municipal de Angra, Manuel Coelho Baptista de Lima, obteve do Ministério da Guerra a concessão deste forte. Na ocasião, projetava-se recuperar o forte, com a arborização do seu entorno e a criação de um parque de campismo. Junto ao Forte da Salga, a ser igualmente recuperado, seria implantado um espaço para piqueniques. Atualmente a estrutura encontra-se em ruínas, em precário estado de conservação.

Características:

Do tipo abaluartado, apresenta planta no formato poligonal irregular, adaptado à rocha sobre a qual se ergue. A sua área construída era de 465 metros quadrados.

Com capacidade para nove peças de artilharia em canhoneiras, no terrapleno possuía um paiol acedido por uma rampa. Pelo exterior, adossada à face oeste erguia-se a casa da guarnição.

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FORTE DE SANTA CATARINA DAS MÓS

Coordenadas38º 38 43″ N 027º 04 46″ W

O Forte de Santa Catarina das Mós localiza-se na parte reentrante da baía das Mós, na freguesia da Vila de São Sebastião. A fortificação destinava-se a defender o embarcadouro contra os ataques de piratas e corsários. Cruzava fogos com o Forte da Greta, a oeste, e o Forte do Bom Jesus, a este.

História:

Foi uma das fortificações erguidas na Terceiras no contexto da crise de sucessão de 1580 pelo corregedor dos Açores, Ciprião de Figueiredo e Vasconcelos, conforme o plano de defesa da ilha elaborado por Tommaso Benedetto em 1567, após o ataque de um Corsário francês ao Funchal, em outubro de 1566, intentado e repelido em Angra no mesmo ano (1566):

Não havia naquele tempo [Crise de sucessão de 1580] em toda a costa da ilha Terceira alguma fortaleza, excepto aquela de S. Sebastião, posto que em todas as cortinas do sul se tivessem feito alguns redutos e estâncias, nos lugares mais susceptíveis de desembarque inimigo, conforme a indicação e plano do engenheiro Tomás Benedito, que nesta diligência andou desde o ano de 1567, depois que, no antecedente de 1566, os franceses, comandados pelo terrível pirata Caldeira, barbaramente haviam saqueado a ilha da Madeira, e intentado

A seu respeito, DRUMMOND registou: “Dentro da baía, ou casa, das Mós, que é a mais profunda da ilha, e onde estão os ilhéus da Mina, bem conhecidos nas cartas marítimas, edificou-se o forte da Greta; e o de Santa Catarina, aos quais pela sua posição e construção bem podíamos chamar castelos; e se lhe fez uma forte muralha com que se fechou aquela cortina, como ainda hoje atestam os fortes vestígios ali existentes; e entre os ilhéus fez-se um baluarte, no lugar em que pelos anos em diante a Câmara de Angra mandou construir afortaleza do Bom Jesus.

Tomou parte ativa nos combates do desembarque da Baía das Mós.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como “A Fortaleza de Santa Catharina.” na relação “Fortificações nos Açores existentes em 1710”.

Com a instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767: “10º – Forte de Santa Catharina. Foi todo feito de novo a fundamento, tem oito canhoneiras e cinco peças de ferro boas com os seus reparos capazes e precisa mais trez, com os seus reparos, e a sua plataforma precisa ser concertada e precisa para se guarnecer oito artilheiros e trinta e dois auxiliares.

No relatório “Revista dos Fortes e Redutos da ilha Terceira”, de Francisco Xavier Machado (1772), encontra-se referido como “Forte da Casa de Sta. Catarina (das Mós)”.

Encontra-se referido como “9. Forte de S. Catharina na mesma Bahia [das Mós]” no relatório “Revista aos fortes que defendem a costa da ilha Terceira”, do Ajudante de Ordens Manoel Correa Branco (1776), que apenas assinala: “(…) hé excellente. Tambem se acha redificado de novo, náo careçe de obra algua.

Dele existe alçado e planta (“Forte de Sta. Catharina”) na “Colecção de Plantas e Alçados de 32 Fortalezas dos Açores, por Joze Rodrigo dAlmeida em 1806“.

A “Relação” do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 informa que se encontra “Em bom estado, menos o alojamento que carece de grandes concertos.

Ameaçado pela erosão marítima, em 1866 construiu-se uma nova muralha para o defender. Foi severamente danificado pelas grandes intempéries que assolaram a ilha em 1878 e 1879, que lhe solaparam os alicerces a ponto de derrocar-lhes os muros.

O tombo de 1881 encontrou-o em mau estado, necessitando urgentes obras de restauro.

Sem que as mesmas tivessem tido lugar, foi proposta a venda das suas cantarias embora existisse um parecer vinculado num tombo datado de Março de 1882 de que seria de toda a utilidade salvar o forte reconstruindo-se-lhe a muralha e passando a estabelecer o paiol numa das casas interiores, atendendo à importância estratégica da posição em que se encontrava.

Em nossos dias, apenas restam as ruínas desta estrutura, alguns restos das fundações e de uma pequena casa. São visíveis, sobre a praia e no mar, restos da muralha que foi derrubada da falésia devido à erosão. Subsistem ainda os os restos de três blocos fragmentados e um outro, de dimensões menores, onde persistem restos de argamassa. Os blocos de maior dimensão fazem parte da primeira camada de cantaria, à qual se seguem camadas de calhau rolado.

Características:

Do tipo abaluartado, apresentava planta poligonal orgânica, adaptada ao terreno em que se erguia, com uma área total construída de 415 metros quadrados. As suas muralhas, em cantaria, eram primitivamente rasgadas por nove canhoneiras. O Tombo de 1881 indica-lhe apenas quatro e uma banqueta para fuzilaria. No seguimento das muralhas existiam trincheiras para fuzilaria, que comunicavam com as que vinham do Forte da Greta. Estas trincheiras foram construídas em barreiras de solo instável e de fácil erosão, razão pela qual desapareceram com correr dos anos. Em seu interior erguia-se a casa da guarnição e, exteriormente, junto à muralha do lado oeste, o paiol de pólvora.

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FORTE DE SÃO FERNANDO

Coordenadas38º 40 33″ N 027º 03 53″ W

O Forte de São Fernando localiza-se na ponta de São Fernando, na freguesia do Porto Martins. Primitivamente compreendida na freguesia de Vila de São Sebastião, mas com a criação da de Porto Martins passou a estar compreendida nesta. A fortificação destinava-se a defender o embarcadouro contra os ataques de piratas e corsários. Cooperava com o Forte de São Francisco, na defesa da baía de São Fernando.

História:

Foi uma das fortificações erguidas na Terceiras no contexto da crise de sucessão de 1580 pelo corregedor dos Açores, Ciprião de Figueiredo e Vasconcelos, conforme o plano de defesa da ilha elaborado por Tommaso Benedetto em 1567, após o ataque de um Corsário francês ao Funchal, em outubro de 1566, intentado e repelido em Angra no mesmo ano (1566):

Não havia naquele tempo [Crise de sucessão de 1580] em toda a costa da ilha Terceira alguma fortaleza, excepto aquela de S. Sebastião, posto que em todas as cortinas do sul se tivessem feito alguns redutos e estâncias, nos lugares mais susceptíveis de desembarque inimigo, conforme a indicação e plano do engenheiro Tomás Benedito, que nesta diligência andou desde o ano de 1567, depois que, no antecedente de 1566, os franceses, comandados pelo terrível pirata Caldeira, barbaramente haviam saqueado a ilha da Madeira, e intentado fazer o mesmo nesta ilha, donde parece que foram repelidos à força das nossas armas.

A seu respeito, DRUMMOND registou: “e muito mais seguro ficou o Porto Novo depois que se lhe fez o forte de S. Francisco, que só por si pode varrer toda aquela vasta baía até São Fernando, outro bom forte, já ambos no termo da Praia.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como “O Forte de S. Fernando.” na relação “Fortificações nos Açores existentes em 1710”.

Com a instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767: “17º – Forte de São Fernando. Está reformado de novo e precisa de huma porta. Tem quatro canhoneiras e quatro peças de ferro, tres boas e huma incapaz, os reparos de tres estão bons, e o outro está incapaz, precisa para se guarnecer quatro artilheiros e dezeseis auxiliares.

No relatório Revista aos fortes e redutos da ilha Terceira, do capitão de Infantaria Francisco Xavier Machado (1772), encontra-se referido como Forte de São Fernando..

Encontra-se referido como “16. Forte de S. Fernando” no relatório “Revista aos fortes que defendem a costa da ilha Terceira”, do Ajudante de Ordens Manoel Correa Branco (1776), que apenas assinala: “Achase reedificado de novo, porém careçe hua tarimba, na sua caza, e porta, e portáo na Forte.” A “Relação” do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 informa que “Tem algumas ruinas a cuja reparação se está procedendo.

O tombo de 1881 encontrou-o abandonado e em ruínas. Atualmente subsistem apenas vestígios.

Características:

Do tipo abaluartado, apresentava planta poligonal irregular, adaptado ao terreno. Primitivamente com dois baluartes pelo lado de terra e cinco canhoneiras nas três faces voltadas ao mar, à época do Tombo de 1881 contava com apenas um baluarte e possuía espaço para apenas uma peça no terrapleno. Media então uma área total de 328 metros quadrados.Pelo lado este possuía um baluarte a cobrir o paiol à prova de bombas no terrapleno. A entrada desse paiol era feita por cima da muralha. No exterior, adossado ao muro da direita, erguiam-se a casa da guarda e uma cozinha.

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FORTE DO BOM JESUS

Coordenadas: 38º 38 57″ N 027º 04 24″ W

O Forte do Bom Jesus situa-se na encosta do pico dos Cornos, fronteira ao ilhéu da Mina, na freguesia da Vila de São Sebastião. A fortificação destinava-se a defender o embarcadouro contra os ataques de piratas e corsários. Cruzava fogos com o Forte de Santa Catarina das Mós a oeste, na defesa da baía das Mós, e com os Fortes do Pesqueiro dos Meninos e do Porto Novo a este, na defesa da baía do Porto Novo.

História:

Foi uma das fortificações erguidas na Terceiras no contexto da crise de sucessão de 1580 pelo corregedor dos Açores, Ciprião de Figueiredo e Vasconcelos, conforme o plano de defesa da ilha elaborado por Tommaso Benedetto em 1567, após o ataque de um Corsário francês ao Funchal, em outubro de 1566, intentado e repelido em Angra no mesmo ano (1566):

Não havia naquele tempo [Crise de sucessão de 1580] em toda a costa da ilha Terceira alguma fortaleza, excepto aquela de S. Sebastião, posto que em todas as cortinas do sul se tivessem feito alguns redutos e estâncias, nos lugares mais susceptíveis de desembarque inimigo, conforme a indicação e plano do engenheiro Tomás Benedito, que nesta diligência andou desde o ano de 1567, depois que, no antecedente de 1566, os franceses, comandados pelo terrível pirata Caldeira, barbaramente haviam saqueado a ilha da Madeira, e intentado fazer o mesmo nesta ilha, donde parece que foram repelidos à força das nossas armas.

A seu respeito, DRUMMOND registou: “Dentro da baía, ou casa, das Mós, que é a mais profunda da ilha, e onde estão os ilhéus da Mina, bem conhecidos nas cartas marítimas, edificou-se o forte da Greta; e o de Santa Catarina, aos quais pela sua posição e construção bem podíamos chamar castelos; e se lhe fez uma forte muralha com que se fechou aquela cortina, como ainda hoje atestam os fortes vestígios ali existentes; e entre os ilhéus fez-se um baluarte, no lugar em que pelos anos em diante a Câmara de Angra mandou construir a fortaleza do Bom Jesus.

À época da Restauração Portuguesa (1640) não se encontra referido na descrição do episódio do desembarque das forças do capitão espanhol D. Luís Peres de Viveiros (20 de junho de 1641), irmão do general D. Álvaro de Viveiros, governador do Castelo de São Filipe que vinha de Espanha em seu socorro3 , tendo sido derrotado em terra pelos habitantes da Terceira . Por essa razão, os oficiais da Câmara de Angra, determinaram a reconstrução dessa defesa, concluída em 1644 e colocada sob a invocação do Bom Jesus.

No contexto da Guerra de Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como “O Forte do Bom Jesus.” na relação “Fortificações nos Açores existentes em 1710”.

Com a instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767: “11º – Forte do bom Jesus. Foi reformado de novo, tem oito canhoneiras e quatro peças de ferro boas com os seus reparos capazes; precisa mais quatro peças com os seus reparos e para se guarnecer precisa oito artilheiros e trinta e dois auxiliares.

Encontra-se referido como “10. Forte do Bom Jezus ultimo da B.ª das mós” no relatório “Revista aos fortes que defendem a costa da ilha Terceira”, do Ajudante de Ordens Manoel Correa Branco (1776), que apenas assinala: “Tambem se acha redificado de novo, náo careçe de obra algua.7

Dele existe alçado e planta (“Forte do Bom Jezus”) na “Colecção de Plantas e Alçados de 32 Fortalezas dos Açores, por Joze Rodrigo dAlmeida em 1806“.

A “Relação” do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 localiza-o na freguesia de Porto Judeu e informa que se encontra incapaz desde muitos anos.

No tombo de 1881 foi encontrado abandonado e em ruínas.

Arruinado em grande parte devido à erosão, atualmente subsistem vestígios da estrutura, em precário estado de conservação, e em risco de derrocada, estando apenas segura por parte do alicerce.

São identificáveis uma estrutura de planta retangular com teto, ainda com vestígios de telha e um alinhamento da antiga muralha, pelo lado norte. Da parte este subsiste um pequeno lanço da muralha, embora muito mau estado, com cerca de 2,75 metros de espessura. Em alguns pontos do terrapleno ainda se observa o antigo lajeado.

A partir de janeiro de 2012 passou a ser utilizado nas atividades de Geocaching.

Características:

Fortificação do tipo abaluartado, apresenta planta no formato pentagonal, adaptado à rocha sobre a qual se ergue. A sua área construída era de 380 metros quadrados.

Em suas muralhas abriam-se seis canhoneiras. Possuía um torreão para a fuzilaria, um paiol abobadado para a pólvora e casa para a guarnição. Por sobre o portão, encontrava-se a pedra de armas e uma inscrição epigráfica onde, no último quartel do século XIX ainda se conseguia ler a data de 1644.

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FORTE DO PESQUEIRO DOS MENINOS

Coordenadas38º 39 18″ N 027º 04 31″ W

O Forte do Pesqueiro dos Meninos localiza-se na freguesia da Vila de São Sebastião. A fortificação destinava-se a defender o embarcadouro contra os ataques de piratas e corsários. Cruzava fogos com o forte do Bom Jesus e com o antigo Forte do Porto Novo, desaparecido, para defesa da baía do Porto Novo.

História:

Foi uma das fortificações erguidas na Terceiras no contexto da crise de sucessão de 1580 pelo corregedor dos Açores, Ciprião de Figueiredo e Vasconcelos, conforme o plano de defesa da ilha elaborado por Tommaso Benedetto em 1567, após o ataque de um Corsário francês ao Funchal, em outubro de 1566, intentado e repelido em Angra no mesmo ano (1566):

Não havia naquele tempo [Crise de sucessão de 1580] em toda a costa da ilha Terceira alguma fortaleza, excepto aquela de S. Sebastião, posto que em todas as cortinas do sul se tivessem feito alguns redutos e estâncias, nos lugares mais susceptíveis de desembarque inimigo, conforme a indicação e plano do engenheiro Tomás Benedito, que nesta diligência andou desde o ano de 1567, depois que, no antecedente de 1566, os franceses, comandados pelo terrível pirata Caldeira, barbaramente haviam saqueado a ilha da Madeira, e intentado fazer o mesmo nesta ilha, donde parece que foram repelidos à força das nossas armas.

A seu respeito, DRUMMOND registou: “Mais adiante [do Forte do Bom Jesus], e na baía de Porto Novo edificou-se o forte denominado Pesqueiro dos Meninos; (…)

Esteve guarnecido com tropas luso-francesas, na previsão da expedição de D. Álvaro de Bazán, aí intentar o desembarque (1583).

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como “O Reduto do Pesqueiro dos Meninos” na relação “Fortificações nos Açores existentes em 1710”.

Com a instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767“12º – Forte do Pesqueiro dos meninos. Foi reformado de novo; tem quatro canhoneiras e quatro peças de ferro boas com seus reparos capazes e para se guarnecer precisa quatro artilheiros e dezeseis auxiliares.”

Encontra-se referido como “11. Forte de Pesqueiro dos Meninos” no relatório “Revista aos fortes que defendem a costa da ilha Terceira”, do Ajudante de Ordens Manoel Correa Branco (1776), que apenas assinala: “Tambem se acha redificado de novo, náo careçe de obra algua.”

No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834) foi restaurado e guarnecido, sendo abandonado ao final do conflito.

A “Relação” do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 informa que se encontra incapaz desde muitos anos.

O tombo de 1881 encontrou-o abandonado e em ruínas.

Em nossos dias subsistem troços das antigas muralhas nos lados oeste e sul. A cantaria de pedra da muralha encontra-se bastante erodida, com as argamassas à vista, embora em alguns locais estas já tenham desaparecido. São visíveis restos de argamassa nos lados sul e sudeste consolidados na rocha de sustentação.

No lado são visíveis ainda indícios do que terá sido uma represa de água.

Características:

Mais propriamente um reduto flanqueado, do tipo abaluartado, apresentava planta triangular, adaptado ao terreno, ocupando 279,5 metros quadrados. Em cantaria de pedra, os seus muros eram rasgados por quatro canhoneiras (duas em cada face voltada para o mar). No prolongamento dessas faces, possuía parapeitos destinados a fuzilaria.

No seu interior erguiam-se a casa de guarda e o Paiol, pelo lado de terra.

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REDUTO DA SALGA

Coordenadas: 38º 38 44″ N 027º 05 40″ W

O Reduto da Salga localiza-se na baía da Salga, freguesia da Vila de São Sebastião. A fortificação destinava-se a defender o embarcadouro contra os ataques de piratas e corsários. Cooperava com o Forte da Salga.

História:

Foi uma das fortificações erguidas na Terceiras no contexto da crise de sucessão de 1580 pelo corregedor dos Açores, Ciprião de Figueiredo e Vasconcelos, conforme o plano de defesa da ilha elaborado por Tommaso Benedetto em 1567, após o ataque de um Corsário francês ao Funchal, em outubro de 1566, intentado e repelido em Angra no mesmo ano (1566):

Não havia naquele tempo [Crise de sucessão de 1580] em toda a costa da ilha Terceira alguma fortaleza, excepto aquela de S. Sebastião, posto que em todas as cortinas do sul se tivessem feito alguns redutos e estâncias, nos lugares mais susceptíveis de desembarque inimigo, conforme a indicação e plano do engenheiro Tomás Benedito, que nesta diligência andou desde o ano de 1567, depois que, no antecedente de 1566, os franceses, comandados pelo terrível pirata Caldeira, barbaramente haviam saqueado a ilha da Madeira, e intentado fazer o mesmo nesta ilha, donde parece que foram repelidos à força das nossas armas.

A seu respeito, DRUMMOND registou: “(…) concluíram-se a boa fortaleza da Salga e o reduto que lhe fica fronteiro e encruza a baía, estendendo-se-lhe um bom lanço de muralha. (…).”

Com a instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767: – Reducto da Salga. Tem 5 peças de ferro boas com os seus reparos capazes: preciza para se guarnecer cinco artilheiros e vinte auxiliares.&rdquo

No relatório da Revista dos fortes e reductos da Ilha Terceira, de Francisco Xavier Machado (1772), encontra-se referido como &ldquoSegundo forte (reduto) da Casa da Salga, ilustrado com cinco canhoneiras.

No relatório &ldquoRevista aos fortes que defendem a costa da Ilha Terceira, do Ajudante de Ordens Manoel Correa Branco (1776), encontra-se referido como Reducto nomeado da caza da Salga, que lhe relata o estado: “Tambem este se acha redificado de novo, careçe tirarselhe algú emtulho, e fazerselhe hú tilheiro p.ª recolher a Artelharia no Inverno, e hú quartel p.ª a guarda.

A Relação do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 informa que &ldquoAs muralhas e alojamentos carecem de pequenos consertos

Quando do Tombo de 1881, encontrava-se fechado, sendo informado estar á conta de um veterano. Externamente não se encontrava em mau estado. De sua estrutura apenas restam vestígios.

Características:

Do tipo abaluartado, de pequenas dimensões, apresentava planta no formato triangular orgânico, adaptado ao terreno, erguido em aparelho de cantaria. Em seus muros rasgavam-se primitivamente cinco canhoneiras quando do Tombo de 1881, apresentava apenas duas, uma no ângulo saliente e outra na muralha voltada a oeste. No seu interior erguia-se a Casa da Guarda e, junto a esta, mas exteriormente no muro da gola, outra, mais pequena, utilizada como cozinha.

O reduto ocupava uma área de 220 metros quadrados, a que se acrescia a área edificada das casas, de 39 metros quadrados. Era acedido por um caminho em más condições e cujo início se localizava na estrada marginal, que dá acesso a outros fortes e a terras de particulares.

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 BIBLIOGRAFIA

  • Anónimo. “Colecção de todos os fortes da jurisdição da Villa da Praia e da jurisdição da cidade na Ilha Terceira, com a indicação da importância da despesa das obras necessárias em cada um deles (Arquivo Histórico Ultramarino)”. in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LI-LII, 1993-1994.
  • Anónimo. “Revista aos Fortes que Defendem a Costa da Ilha Terceira &ndash 1776 (Arquivo Histórico Ultramarino)”. in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LVI, 1998.
  • BASTOS, Barão de. “Relação dos fortes, Castellos e outros pontos fortificados que se achão ao prezente inteiramente abandonados, e que nenhuma utilidade tem para a defeza do Pais, com declaração daquelles que se podem desde ja desprezar.” in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LV, 1997. p. 267-271.
  • CASTELO BRANCO, António do Couto de FERRÃO, António de Novais. “Memorias militares, pertencentes ao serviço da guerra assim terrestre como maritima, em que se contém as obrigações dos officiaes de infantaria, cavallaria, artilharia e engenheiros insignias que lhe tocam trazer a fórma de compôr e conservar o campo o modo de expugnar e defender as praças, etc.”. Amesterdão, 1719. 358 p. (tomo I p. 300-306) in Arquivo dos Açores, vol. IV (ed. fac-similada de 1882). Ponta Delgada (Açores): Universidade dos Açores, 1981. p. 178-181.
  • DRUMMOND, Francisco FerreiraApontamentos Topográficos Politicos, Civis e Eclesiásticos para a história das nove ilhas dos Açores, servindo de suplemento aos Anais da Ilha Terceira. 1990.
  • FARIA, Manuel Augusto. “Ilha Terceira &ndash Fortaleza do Atlântico: Forte da Greta”. in Diário Insular, 14-15 de fevereiro de 1998.
  • FERREIRA, Manno da Cunha Sanches. “Antigas Fortificações da ilha Terceira, seu artilhamento”. in Revista de Artilharia, Fevereiro/Maio de 1957.
  • JÚDICE, João António. “Revista dos Fortes da Terceira”. in Arquivo dos Açores, vol. V (ed. fac-similada de 1883). Ponta Delgada (Açores): Universidade dos Açores, 1981. p. 359-363.
  • LIMA, Manuel Coelho Baptista de. “As fortalezas das ilhas dos Açores: sua urgente conservação e restauro”. in “Livro do Primeiro Congresso sobre monumentos militares portugueses”. Lisboa, Património XXI, 1989, p. 115-123.
  • MARTINS, José Salgado, “Património Edificado da Ilha Terceira: o Passado e o Presente”. Separata da revista Atlântida, vol. LII, 2007. p. 33.
  • MOTA, Valdemar. “Fortificação da Ilha Terceira”. in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LI-LII, 1993-1994.
  • NEVES, Carlos CARVALHO, Filipe MATOS, Arthur Teodoro de (coord.). “Documentação sobre as Fortificações dos Açores existentes nos Arquivos de Lisboa &ndash Catálogo”. in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. L, 1992.
  • PEGO, Damião ALMEIDA JR., António de. “Tombos dos Fortes da Ilha Terceira (Direcção dos Serviços de Engenharia do Exército)”. in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LIV, 1996.
  • SAMPAIO, Alfredo da Silva. Memória sobre a Ilha Terceira. Angra do Heroísmo (Açores): Imprensa Municipal, 1904. p. 287.
  • VIEIRA, Alberto. “Da poliorcética à fortificação nos Açores: introdução ao estudo do sistema defensivo nos Açores nos séculos XVI-XIX”. in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. XLV, tomo II, 1987.
  • Registo Predial nº 85
  • MACHADO, Francisco XavierRevista dos fortes e redutos da Ilha Terceira – 1772. Angra do Heroísmo (Açores): Secretaria Regional da Educação e Assuntos Sociais Gabinete da Zona Classificada de Angra do Heroísmo, 1983. il.
  • MARTINS, José Salgado, “Património Edificado da Ilha Terceira: o Passado e o Presente”. Separata da revista Atlântida, vol. LII, 2007. p. 29.
  • Registo Predial, inscrição nº 86
  • Registo Predial, inscrição nº 95.

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